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A List, de Gertrude Stein

A List, de Gertrude Stein

  • Figurinos – Luisa Pacheco
  • Encenação – António Pires
  • Cenografia – João Mendes Ribeiro
  • Desenho de Luz – João Paulo Xavier
  • Produção – Teatro da Cornucópia

Teatro da Cornucópia – Lisboa

“Able to long able to be and to be safely to be safely able to be safely to be safely to be seen able to long to be safely to safely be here and there to be there. Able to be there”

Gertrude Stein | “A List”

Os figurinos conferem uma entidade sem género, uma criação de um personagem sem princípio ou fim, um todo.
Uma lista de forma, cor, que se traduz num invólucro que permite ver a sua estrutura e o seu interior, ainda que o seu interior se expresse como uma extensão de tudo à volta, o vermelho com linhas que se intersectam infinitamente.
Cada figurino é composto por 2 fatos sobrepostos em que o fato de cima apresenta rasgos em vez de vez se unir nas costuras, rasgos esses que revelam o figurino interior, a essência do personagem.
A bailarina desce a rampa subtil e progressivamente durante o espectáculo. Uma das mangas do figurino vai-lhe descendo pelo braço até alcançar o chão cénico, reforçando a ligação da personagem ao espaço.

“A List” é um bailado falado. “O espetáculo é um jogo de palavras. Trocadilhos. Fragmentos de frases desordenadas/reordenadas”. Um jogo de sons que, articulado com a música e as estruturas repetitivas, constitui a matéria fundamental de toda a construção. ” O espectáculo é, por outro lado, um jogo de cores. Uma gama limitada, em que dominam o azul, e o vermelho vivo dos figurinos e a cor da madeira de quatro caixas (quase caixões), que os actores habitam e com os quais dançam/contracenam”. Mergulhados no palco, numa obscuridade quase completa, os objectos móveis deixam à vista os suportes estruturais e os mecanismos da construção. O cenário funde-se com o palco. “A nudez (…) do cenário (uma rampa ao fundo e outra no proscénio, ligadas por uma terceira, que leva do proscénio ao pano de fundo) acentua o papel da imobilidade, figurada na bailarina vestida de vermelho, que demora todo o tempo do espetáculo a descer as três rampas, num movimento imperceptível.”

Manuel João Gomes , no “Público” (6/2/1997)